Hoje é um daqueles dias cinzentos. Meus pensamentos tem um ar reflixivo pesado e tento ignorar o que vem a minha cabeça. Ontem me emocionei com um coral que compartilhava sua música com a linguagem de libras para surdos-mudos. Vi beleza. Hoje vejo nuvens carregadas em meus pensamentos. Minhas palavras já fluíram com mais transparência. Meus pensamentos já compartilharam os meus sonhos. A cada passo me vejo mais lento, pesado menos esperançoso. É verdade que a nuvem carregada da cidade não ajuda, mas é fato que não tenho mais 17 anos e com o tempo parte das esperanças se perderam. Quando escuto "somos tão jovens" sintom-me em 1994 na banca de jornal quando ouvi no rádio que Renato Russo havia morrido. Morreu boa parte do que já fui ou apenas estou me escondendo atrás das nuvens da cidade.? Não só talento, mas vontade e determinação eu sei que tenho, mas tudo parece estar enterrado em algum lugar que procuro e não acho, ou será que nem tento mais procurar? Apatia! Será o efeito do tempo ou a constatação do inevitável? Fato que crescimento, amadurecimento e o criminoso vilão "tempo", me mostraram até agora mais perdas do que ganho. Azedo como o tempo cinzento mergulho em chocolate. Aprendo a dividir o que tinha por inteiro. Aprendo que ninguém "é" satisfeito. Que a chuva leve as nuvens para longe e limpe o horizonte! Que as montanhas tragam melhores ventos...
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Pré-roteiro
Ainda não sei o que vem acima ou abaixo. Fora Machu Picchu e alguns outros poucos nomes, nunca ouvi falar de lugares pelos quais espero passar. Sei que todos eles tem gente. Todas essas "gentes" são latinos e a maiorida desses lugares são simples, pequenos e imagino, pacatos. Ainda assim estou optando por começar com mordomia e "ganhar fôlego" para arriscar mais no fim. Isso pode ser um erro, mas agora parece-me estratégico. Ficou assim a sequência inicial que prentendo seguir:
02/12 - Pucón
05/12 - Talca
06/12 - Santiago
07/12 - Atacama
10/12 - Arequipa
11/12 - Cuzco
12/12 - Trilha Inca
15/12 - Machu Pichu
16/12 - Aguas Calientes
17/12 - Machu Pichu
18/12 - Puno
20/12 - Copacabana
21/12 - La Paz
22/12 - Trem da Morte
23/12 - Santa Cruz/Corumba
24/12 - Campo Grande/Rio
Falta checar a viabilidade disso e montar um planejamento diário... sei que algumas coisas não poderei fazer, mas sinto que estou no caminho certo, ainda que deixando o complexo para o fim rs e um trem que definitivamente vai como um turbilhão me trazer de volta a realidade...
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Estive com o Paulo no dia 26/10, último domingo. O objetivo era simples: ouvir histórias, pegar seus guias emprestados e começar a imaginar como seria a minha viagem para Machu Pichu. Há muitas coisas na vida que ficamos postergando. Não postergo mais as viagens dos meus sonhos. O momento é impróprio, não é o melhor momento econômico e minhas finanças não vão bem, obrigado! A verdade é que sempre é mais fácil encontrar justificativas para o que não se fez do que fazer o melhor com o que se tem. Por isso vou fazer dessa hora oportuna. Vou fazer o melhor possível independente de dinheiro, planejamento e companhia. A mente aberta ao novo e a felicidade de ter novamente o pé na estrada compensam todos os imprevistos e contratempos dessa jornada. Certamente bons ventos vão soprar novamente em minha direção. Machu Picchu me deixa sem ar e ao mesmo tempo acelera meu coração. A altitude de meus sonhos se materializrá, ainda que de forma passageira, nos milhares de metros de altitude daquela montanha. Chá de coca, chá de liberdade, chá de vida. Já esperei demais para dobrar a esquina e sentir a energia de cada uma daquelas pedras. Sei que não serei o mesmo depois desses dias, assim como não posso ser o mesmo depois de minha última viagem.
Chuva? Nuvens? Dias cinzentos são os que levo aprisionado na mediocridade de sobreviver a cada ciclo de 24 horas planejando o que vou fazer se um dia conseguir guardar recursos e o tempo se tornar mais farto. Vida mentirosa que enganam aqueles que não a aproveitam, pois dias de bonança sol e sem nuvens, podem não chegar em tempo. Por isso faço no próximo dezembro, meu novo tempo de sonhos e realizações.
domingo, 19 de outubro de 2008
Ensaio sobre a cegueira
Ensaio sobre a cegueira é um daqueles filmes que não enchem as grandes salas após a primeira semana. Não se trata de um filme adolescente ou de uma mega produção. Trata-se de um filme forte que gera reflexão ao ser entendido. Alguns adolescentes saíram dizendo que foi um dos piores filmes que já viram. Um casal de mais de cinquenta pareceu não entender. Estava tão clara a mensagem e mesmo assim muitos pareciam não compreender o que havia se passado na tela. As pessoas realmente já estão tão cegas e com suas mentes e olhares tão sobrecarregados que de fato não enxergam nem mais a si mesmas, muito menos ao mundo a sua volta.
Tive professoras fantásticas na Faculdade. Muitos não entendiam a importância das disciplinas básicas de português. Lea 174, Lea etc.. Na verdade aprendemos mais que arte ou português, aprendemos a refletir. Não mudamos o mundo, mas questionamos muito sua dinâmica. É triste constatar que mudamos e nem sempre para melhor. O tempo nos deixa calejados e sem fôlego para questionar com a mesma intensidade. Ensaio sobre a cegueira foi um sopro momentâneo em meu coração. Uma brisa cinematográfica dizendo que ainda existem aqueles que sabem fazer bons filmes e através da arte questionar e enfrentar a forma vazia de pensar do homem moderno.
Uma dessas professoras dizia algo que nunca me esqueci: "Há quem transforme desgraça em festa e quem transforme festa em desgraça". Infelizmente dentro de cada um do nós existem as duas capacidades. É duro constatar o quanto me tornei cego e quanta festa transformei em desgraça nos últimos tempos. Quanto medo senti quando não havia nada a temer. Quanto fui cruel quando poderia ter gerado mais felicidade. Quanto fui amado e retribuí com egoísmo e injustiça. Me corrompi -eu mesmo- e transformei a festa em desgraça.
Meu psicólogo perguntou: Você tem medo de que? Eu disse: De terminar como ele! Meus passos de hoje definem meu dia de amanhã. Não ter planos é o mesmo que planejar o fracasso. Medo é a justificativa para sucumbir ao fracasso sem ao menos ter tentado. Fui fraco, fui cego, fui cruel com o meu tempo e as minhas possibilidades. Tão burra a minha inércia de culpar os outros, quando faltou o meu movimento! Tão movediço o terreno de esperar sabe-se lá o que.
Aprender a perder é importante para recomeçar. Deixar partir é importante para prosseguir. Refletir é preciso se quer saber aonde se quer chegar. Aonde eu quero chegar? O que mais preciso perder?
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