quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pensamentos cinzentos

Hoje é um daqueles dias cinzentos. Meus pensamentos tem um ar reflixivo pesado e tento ignorar o que vem a minha cabeça. Ontem me emocionei com um coral que compartilhava sua música com a linguagem de libras para surdos-mudos. Vi beleza. Hoje vejo nuvens carregadas em meus pensamentos. Minhas palavras já fluíram com mais transparência. Meus pensamentos já compartilharam os meus sonhos. A cada passo me vejo mais lento, pesado menos esperançoso. É verdade que a nuvem carregada da cidade não ajuda, mas é fato que não tenho mais 17 anos e com o tempo parte das esperanças se perderam. Quando escuto "somos tão jovens" sintom-me em 1994 na banca de jornal quando ouvi no rádio que Renato Russo havia morrido. Morreu boa parte do que já fui ou apenas estou me escondendo atrás das nuvens da cidade.? Não só talento, mas vontade e determinação eu sei que tenho, mas tudo parece estar enterrado em algum lugar que procuro e não acho, ou será que nem tento mais procurar? Apatia! Será o efeito do tempo ou a constatação do inevitável? Fato que crescimento, amadurecimento e o criminoso vilão "tempo", me mostraram até agora mais perdas do que ganho. Azedo como o tempo cinzento mergulho em chocolate. Aprendo a dividir o que tinha por inteiro. Aprendo que ninguém "é" satisfeito. Que a chuva leve as nuvens para longe e limpe o horizonte! Que as montanhas tragam melhores ventos...

Um comentário:

Edu Corrêa disse...

Você está certo: esta vida apresenta mais perdas do que ganhos, para todos, de algum modo. A tarefa básica, para não nos perdermos em lamentações daquilo que "poderia ter sido", é enxergar os ganhos com um olhar mais atento, é ver que nossas poucas conquistas na verdade são grandes vitórias diante de tantas perdas - muitas destas pouco significativas, mas que acabamos superestimando-as. A comparação com a desgraça alheia de cada dia não deve ser consolo, e sim motivação, já que queremos mais, "temos" mais e podemos mais. E isso, por si só, já é uma vantagem e tanto em meio a tanta falta de vontades e/ou possibilidades. Pelo menos neste instante.